O
mestre introduziu com perfeição as noções do verdadeiro perdão. Seus
diálogos carinhosos com os discípulos pregaram por diversas vezes, a
necessidade do verbo perdoar nas ações e pensamentos humanos.
Mas o que significa "perdoar"? Os dicionários de nossa língua definem
como absolver, redimir, mas é este o verdadeiro perdão? Certamente que
não. Precisamos aprofundarmo-nos um tanto mais para compreendê-lo.
O esquecimento do erro é a alma do perdão. Sem ele não podemos nos
libertar das lembranças penosas, e das vinculações negativas com o
próximo. Porém, cabe aqui um esclarecimento muito importante: não é a
mente, a memória, que deve esquecer a ofensa, mas sim o coração, fazendo
com que os sentimentos olvidem os fatos dolorosos. Por esta razão
dizemos que, se ainda houver alguma gota de ressentimento, ainda não há o
completo perdão. O ressentimento faz com que voltemos a nos sentir mal,
faz com que retornem as mesmas impressões doridas, a mesma mágoa do
passado. Ressentir é sentir continuamente, é continuar sentindo algo
desagradável, como se as lembranças tristes permanecessem ecoando nas
naves amplas do nosso coração indefinidamente.
Assim, para que exista o perdão do coração, faz-se necessário eliminar o
ressentimento. Desta forma a memória poderá até lembrar, mas os
sentimentos negativos já terão desaparecido, e isso propiciará nossa
libertação das vibrações tempestuosas, dos traços de odiosidade que
carregamos conosco.
Como, então, fazer sumir o ressentimento? Com a compreensão, com a visão
ampliada que o Espiritismo nos dá, mostrando-nos que nada acontece
fruto do acaso, que nenhum sofrimento tem a intenção de nos prejudicar, e
que, no estágio evolutivo em que estamos, os erros ainda são comuns.
Precisamos compreender as dificuldades dos outros: Precisamos enxergar
no ofensor, no inimigo que nos prejudica, uma alma que sofre, um ser que
necessita de auxílio.
Nosso orgulho terá dificuldades em aceitar o perdão, pois para ele
parecerá fraqueza, humilhação. Porém, com a compreensão mais madura da
vida, das vicissitudes, das provas, expiações, nosso coração aceitará
melhor, livre dos ressentimentos, atado somente à lição maior do amor ao
próximo.
Ouvindo injúrias, recebendo críticas destruidoras e sendo abandonado
pelas almas que deveriam amá-lo, Jesus perdoou, exemplificando o
conteúdo excelso de sua mensagem. Na perfeição do mestre não havia lugar
para o ressentimento...
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