segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Perdão do Coração

O mestre introduziu com perfeição as noções do verdadeiro perdão. Seus diálogos carinhosos com os discípulos pregaram por diversas vezes, a necessidade do verbo perdoar nas ações e pensamentos humanos.

Mas o que significa "perdoar"? Os dicionários de nossa língua definem como absolver, redimir, mas é este o verdadeiro perdão? Certamente que não. Precisamos aprofundarmo-nos um tanto mais para compreendê-lo.

O esquecimento do erro é a alma do perdão. Sem ele não podemos nos libertar das lembranças penosas, e das vinculações negativas com o próximo. Porém, cabe aqui um esclarecimento muito importante: não é a mente, a memória, que deve esquecer a ofensa, mas sim o coração, fazendo com que os sentimentos olvidem os fatos dolorosos. Por esta razão dizemos que, se ainda houver alguma gota de ressentimento, ainda não há o completo perdão. O ressentimento faz com que voltemos a nos sentir mal, faz com que retornem as mesmas impressões doridas, a mesma mágoa do passado. Ressentir é sentir continuamente, é continuar sentindo algo desagradável, como se as lembranças tristes permanecessem ecoando nas naves amplas do nosso coração indefinidamente.

Assim, para que exista o perdão do coração, faz-se necessário eliminar o ressentimento. Desta forma a memória poderá até lembrar, mas os sentimentos negativos já terão desaparecido, e isso propiciará nossa libertação das vibrações tempestuosas, dos traços de odiosidade que carregamos conosco.

Como, então, fazer sumir o ressentimento? Com a compreensão, com a visão ampliada que o Espiritismo nos dá, mostrando-nos que nada acontece fruto do acaso, que nenhum sofrimento tem a intenção de nos prejudicar, e que, no estágio evolutivo em que estamos, os erros ainda são comuns.

Precisamos compreender as dificuldades dos outros: Precisamos enxergar no ofensor, no inimigo que nos prejudica, uma alma que sofre, um ser que necessita de auxílio.

Nosso orgulho terá dificuldades em aceitar o perdão, pois para ele parecerá fraqueza, humilhação. Porém, com a compreensão mais madura da vida, das vicissitudes, das provas, expiações, nosso coração aceitará melhor, livre dos ressentimentos, atado somente à lição maior do amor ao próximo.

Ouvindo injúrias, recebendo críticas destruidoras e sendo abandonado pelas almas que deveriam amá-lo, Jesus perdoou, exemplificando o conteúdo excelso de sua mensagem. Na perfeição do mestre não havia lugar para o ressentimento...

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