segunda-feira, 21 de maio de 2012

Outra Janela

A menina, debruçada na janela, trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor, causado pela morte do seu cão de estimação. 
 
Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também. 
 
O avô, que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade? 
 
A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância. 
 
No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala. 
 
Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente: Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente? Lembra-se de que me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje, que nós dois o plantamos. 
 
Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... Veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas! 
 
A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso. 
 
Mostrou as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra e as tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim. 
 
O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto: Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas. Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente. 

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