sábado, 29 de maio de 2010

Depois da copa, o voto



Dentro de alguns dias, o Brasil fica em suspensão. Até os bancos fecham. As pessoas não saem da frente da televisão. Não, não estamos falando de mais uma passagem do cometa Harley pelo espaço, mas da Copa do Mundo de futebol. Nesse mesmo período, acontece outro evento tradicional, especialmente no nordeste, que tira ainda mais a atenção da população: é época de festas juninas, muito milho assado, pamonha e canjica, além do tradicionalíssimo forró - nas suas mais variadas versões. 

Terminados estes dois espetáculos - que esperamos com o Brasil hexa-campeão e sem nenhum incidente mais grave nos forrós pelo estado - chega a campanha eleitoral, e a decisão dos destinos de Alagoas e do país, pelos próximos quatro anos.

Mesmo com a fiscalização da justiça, indiscutivelmente a campanha já começou. Os candidatos já viajam pelo interior, os governantes já se apressam em inaugurar suas obras, os parlamentares ocupam as tribunas com mais veemência, enfim, os trâmites de praxe, absolutamente salutares nesse período - ao invés de tentar coibir, as leis deveriam mesmo legalizar este período. 

Não distante dessa regra, a campanha para o governo do estado segue como um jogo de xadrez, com lances inteligentes, polêmicos e extremamente talentosos a cada dia. Os reis vão sendo postos, e os cavalos, torres e bispos começam a se movimentar, em estratégias que só o tempo irá revelar - para falar em linguagem própria do jogo milenar.

Um dos lances desse jogo foi a entrevista do ex-governador e ex-secretário executivo do Ministério do Trabalho, Ronaldo Lessa (PDT) ao programa Tribuna Livre, com o radialista Álvaro Guimarães. Lessa não se rogou a responder nenhuma pergunta, sendo o mais direto possível em alguns momentos, lançando a jogada inicial da campanha deste ano. E, se lançando ao tabuleiro do jogo, demonstrando definitivamente que é candidato ao palácio República dos Palmares, em disputa, até o momento, com o ex-presidente Collor (PTB) e o atual governador, Teotonio Vilela (PSDB).

Sobre Téo, aliás, Ronaldo externou suas mais duras palavras. Disse que se sentiu traído pelo tucano, mas que sua maior traição foi com o povo de Alagoas, que sente na pele os efeitos de um governo, em suas palavras, "para as elites". Além disso, revelou o ex-governador, Téo não teria cumprido nenhum dos acordos feitos por ocasião de sua indicação ao governo, em 2006: "Ele não indicou o Abílio ao Tribunal de Contas, e em menos de 15 dias de governo retirou o aumento que tinha sido dado à PM".

Ao fim de suas palavras, pelo menos duas conclusões foram expicitadas: a primeira, é a de que a candidatura Lessa é para valer. O ex-governador, depois de um período em que alimentou sua candidatura ao senado, entrou de vez na disputa, em seu caso, pelo retorno ao palácio República dos Palmares - que ele próprio construiu, em seu governo. A segunda é a de que não há, pelo menos por enquanto, nenhuma possibilidade de aliança, nem sequer num segundo turno, entre tucanos e pedetistas.

As peças do xadrez estão postas. Depois da copa, do milho e do forró, saberemos quem mexe melhor no tabuleiro.


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